Lavadeiras de Mafamude (Cliché do distinto fotógrafo amador, do Porto, sr. Eduardo Paulo) Ilustração Portugueza - 15 de Junho de 1914 As Lavadeiras em Portugal As lavadeiras sempre desempenharam um papel importante na sociedade portuguesa ao longo dos séculos. Elas eram mulheres responsáveis por lavar roupas, lençóis e outros tecidos, utilizando métodos tradicionais que exigiam conhecimentos, habilidade e força física. Antigamente, as lavadeiras reuniam-se em pontos de água, como rios, riachos ou lavadouros públicos (comunitários), para realizar suas tarefas. Elas usavam tábuas de pedra ou madeira, esfregavam as roupas com sabão e batiam para remover a sujidade. A técnica era conhecida como "bater a roupa" e requeria muito esforço físico. Essas mulheres costumavam trabalhar em grupo, compartilhando histórias, risadas e até mesmo canções. Eram momentos de sociabilidade, em que as lavadeiras se mantinham informadas sobre o que acontecia na comunidade e trocavam exp...
Barco rabelo à vela Caminhos de sirga no Douro são um hino ao labor das gentes durienses Antes do aparecimento do comboio e, mais recentemente, das modernas rodovias, o barco foi durante bastante tempo um meio privilegiado de transporte de pessoas e mercadorias. Ao longo de séculos e à falta das enormes pontes suspensas, a ligação entre as duas margens do rio Tejo apenas era feita por via fluvial... Saber mais... Imagens retiradas de: O Douro - Manuel Monteiro, fac-simile da edição de 1911 | Emílio Biel & Cª - Editores Barco rabelo à sirga (puxado a homens) Barco rabelo à sirga (puxado a bois) Sugestões: A vida dos marinheiros do Rio Douro (1) A vida dos marinheiros do Rio Douro (2) A vida dos marinheiros do Rio Douro (3)
O fim do Mercado de São Bento – Lisboa (1938) “O velho Mercado de São Bento vai desaparecer para dar lugar a coisas mais belas e oportunas. Com 57 anos de idade - completou-os no dia 1 de janeiro - não pode dizer-se que morre muito criança. Para um mercado que não evoluiu é a decrepitude. (...) No terrado podiam instalar-se centenas de vendedores com as suas mercadorias. Davam entrada para o Mercado três vistosos pórticos de ferro que os críticos de há meio século classificaram de «incontestável beleza». Na parte central havia um pequeno jardim triangular em cujos vértices haviam sido colocados marcos fontenários para serventia pública. Nada ali faltava. O Mercado era um verdadeiro mimo, e como tal deveria ser considerado pelos moradores do sítio. Encontravam-se ali lugares de frutas, hortaliças, aves, carne, peixe, bebidas e toda a espécie de víveres tabacos, louças, objetos de vestuário, calçado e muitos outros artigos. Quem é que se não lembra ainda do homem das...
A camponesa de Perre , em Viana do Castelo , era conhecida não só pela sua beleza natural, mas também pela sua força de trabalho e determinação. Vivendo numa zona rural onde a agricultura era a principal fonte de sustento, ela dedicava longas horas do seu dia nos campos, cuidando das culturas, nomeadamente do linho, e dos animais. Com um sorriso sempre no rosto, a camponesa de Perre encantava a todos com a sua simpatia e generosidade. Sempre pronta para ajudar os vizinhos e amigos, ela era uma verdadeira alma solidária, que não media esforços para fazer o bem ao próximo. Apesar das adversidades e das dificuldades que enfrentava no seu dia-a-dia, a camponesa de Perre nunca perdia a esperança e a fé de que um futuro melhor está por vir. Com a sua perseverança e resiliência, ela inspirava todos à sua volta a lutar pelos seus sonhos e a nunca desistir, mesmo nos momentos mais difíceis. Assim, a camponesa de Perre era mais do que apenas uma trabalhadora rural. Ela era um exemplo de ...
No Caramulo , a mais linda serra de Portugal, a cobertura tradicional dos habitantes é a capucha. Espécie de manto de santa, caindo naturalmente até à altura do joelho, deixa bem a descoberto a testa e parte anterior do rosto, dando à mulher um tom de verdadeira madona. E por lá aparecem algumas de formas tão esculturais e duma tal beleza de traços, que muitos as adorariam com mais carinho que às Santinhas que, sobre doiradas peanhas, destacam nos altares das capelas e igrejas. Nunca a fértil imaginação de alfaiate e modista inventou peça de vestuário mais apropriada e útil. Não é fácil precisar bem a sua origem, mas tudo leva a crer que viesse do Oriente, sendo trazida à região pelos árabes. Se é que o modelo não foi extraído de alguma gravura, estampa ou desenho vindo dos Lugares Santos o que é muito natural, por quanto a capucha ainda hoje é precisamente o manto que, desde os princípios do Cristianismo , aparece cobrindo a maior parte das imagens, ou seja em pintura ou...
Varinas, vendedeiras de peixe "Há na sociedade certos tipos, principalmente os do género feminino, que, por circunstâncias especiais, atraem à roda de si um grande número de entusiastas, assim como na pintura as produções de diversos géneros, por circunstâncias análogas, tem o seu grupo de amadores. (...) Na verdade, que homem, a não ser algum admirador da esterilidade, haverá ali de tacto fino e inquieto, que não ame a natureza desenvolvida? É por isso que não poucas vezes, sem o quererem, se vão os olhos nalgumas dessas filhas de Aveiro e Ovar . Tipos portugueses - Varinas, vendedeiras de peixe. Desenho de Nogueira da Silva - Gravura de Coelho Júnior Colónia ovarina de Lisboa festejava Santa Luzia (13 de Dezembro) Aos entendidos na arte agradam geralmente essas mocetonas, essas figuras esbeltas e musculosas. Simpatiza-se com a mobilidade natural daquelas frontes trigueiras e espaçosas. Magnetiza a viveza dos olhos redondos e salientes. Fazem perder a cabeça os reque...
Uma linda minhota Cliché de Gabriel Tinoco, de Coimbra ("Ilustração Portuguesa" - II Série - nº511 - 6 de Dezembro de 1915) "(...) Nesta alegria das coisas move-se a mulher minhota, a mais linda mulher de Portugal. Esculturas perfeitas, como as de Seixas, a quem Páris não recusaria a maçã, palminhos de cara, como as de Afife , que fariam pecar Santo António . E elas sabem-no, as marotas! É ver como as saias se encurtam deixando ver a perna tentadora. É ver como os coletinhos abertos suspendem e amparam os fortes seios. É ver como os bustos se requebram no voltear do Vira e no passear do Regadinho . (...)" Fonte: "Ilustração Portuguesa" - nº 216 - 11 de Abril de 1910 Sugestões: Mulher da Gândara de Montemor e Aldeã das Margens do Mondego | Costumes Portugueses Os trabalhos com o linho, na província do Minho O Traje das Vindimadeiras no Douro
Um carro de bois (Desenho de M. de Macedo, segundo uma fotografia de E. Biel) É (...) o sr. Biel quem nos fornece uma magnífica fotografia donde o sr. Manuel de Macedo tirou o desenho [acima]. É um perfeito quadro colhido em flagrante na natureza e que surpreendeu aqueles homens no meio dos seus labores. Além de todo o pitoresco do local e da cena que se desenrola a nossos olhos, uma particularidade chama a atenção do observador, que é a enorme canga que descansa sobre os cachaços dos pacíficos bois. Estas cangas são vulgares em toda a província do Minho e do Douro , e elas constituem uma verdadeira curiosidade, não só pelo tamanho, como pelos lavores e arrendados que as enfeitam, uso este que vem da mais remota antiguidade e que ainda hoje se conserva com toda a beleza que o caracteriza. (1) Os carros de bois no Minho Os carros de bois sempre tiveram uma presença marcante na cultura do Minho, região do norte de Portugal. Estes veículos eram utilizados pelos agricultores p...
Pastor da Serra da Estrela Cliché do Sr. Onetto (Ilustração Portuguesa - 16 de Janeiro de 1911) Os pastores da Serra da Estrela Os pastores da Serra da Estrela desempenham um papel fundamental na preservação e promoção da cultura e tradição dessa região montanhosa. Conhecidos pelos seus rebanhos de ovelhas da raça Bordaleira Serra da Estrela , esses pastores são considerados guardiões e promotores de um estilo de vida ancestral. "Na Estrela desenvolveu-se uma raça de ovinos perfeitamente definida – Bordaleira Serra da Estrela – destacando-se das suas características, consagradas no Livro Genealógico, as variedades preta e branca, os olhos grandes e expressivos e os cornos em ambos os sexos, enrolados em espiral. É a raça nacional de melhor aptidão leiteira, atingindo-se produções superiores a 500 litros de leite por lactação (220 dias/média). É também muito prolífera e fértil, com um período de atividade sexual que se alarga por todo o ano, sendo contu...
Ainda é frequente, na capital do Norte, ver-se carros de bois ornados com belas cangas , como este que reproduzimos na gravura acima. (" Panorama ", nº22 - Natal de 1944) Na " Ilustração Portuguesa ", nº83, publicada em 1907, foi publicado um interessante texto, intitulado “ A ornamentação dos jugos e cangas dos bois ”, do qual sugerimos a leitura. Começa assim: “É conhecido o costume existente no Douro e no Minho , e que tem mais de uma vez chamado a atenção dos forasteiros, de ornamentar os jugos e cangas dos bois. É principalmente no Porto e seus arredores que o facto se torna vulgar, desaparecendo mesmo de todo nos pontos das duas províncias que ficam situadas a maior distância da costa marítima. E, conquanto a vida rural mantenha no resto do país a mesma feição predominante, o certo é que nas outras províncias nada se encontra também que se pareça com tal costume, que possui, deste modo, uma limitada confinação geográfica, e constitui, portanto, um s...