Cenas do Minho - Um carro de bois
Um carro de bois
(Desenho de M. de Macedo, segundo uma fotografia de E. Biel) |
É um perfeito
quadro colhido em flagrante na natureza e que surpreendeu aqueles homens no
meio dos seus labores.
Além de todo o
pitoresco do local e da cena que se desenrola a nossos olhos, uma
particularidade chama a atenção do observador, que é a enorme canga que
descansa sobre os cachaços dos pacíficos bois.
Estas cangas são vulgares em toda a província
do Minho e do Douro, e elas constituem uma verdadeira curiosidade, não só pelo
tamanho, como pelos lavores e arrendados que as enfeitam, uso este que vem da
mais remota antiguidade e que ainda hoje se conserva com toda a beleza que o
caracteriza. (1)
Os carros de bois no Minho
Os carros de bois sempre tiveram uma presença marcante na cultura do Minho, região do norte de Portugal.
Estes veículos eram utilizados pelos agricultores para
transportar mercadorias, produtos agrícolas e até mesmo pessoas, sendo uma
forma prática de mover grandes volumes de carga em terrenos acidentados e de
difícil acesso.
Uma das
características mais marcantes dos carros de bois do Minho eram as suas cangas ou jugos tradicionais, que são uma peça onde se prende o cabeçalho ou o cambão e que é colocada sobre o
pescoço de dois bois, e é responsável pela transferência de energia
mecânica ao cabeçalho.
Estas cangas eram frequentemente decoradas e
esculpidas com desenhos e padrões típicos da região, tornando cada carro de
bois único e representativo da cultura e tradição minhota.
Além
disso, o pescoço dos bois eram adornadas com sinos, que tinham o intuito de
chamar a atenção das pessoas e animais à volta do carro, evitando acidentes e
facilitando a passagem em estradas estreitas e sinuosas.
O som dos
sinos tornou-se quase uma marca registada dos carros de bois do Minho, sendo um
elemento característico e inconfundível desta tradição secular.
Atualmente,
os carros de bois são utilizados principalmente em festas e eventos
folclóricos, onde os agricultores ainda exibem as suas habilidades em dirigir
estes veículos tradicionais.
Apesar de
terem perdido a sua função prática no dia-a-dia, os carros de bois continuam a
ser uma parte importante da identidade cultural do Minho, preservando a memória
de um passado em que a agricultura e a vida rural eram os pilares da sociedade
minhota.
(1) in "Ocidente", nº 275 - 1886