A volta da romaria (quadro de José Malhoa)

A volta da Romaria (quadro de José Malhoa)

A volta da romaria

Quadro de J. Malhoa
Exposição de Belas Artes
"Serões" - Revista mensal ilustrada - nº11 - Abril de 1902


Romarias e Festas Populares

«As festas e romarias, tão caras à alma do nosso povo, crente e folgazão, têm uma função simultaneamente religiosa e social.

A elas afluem, de todas as partes por onde andam dispersos, os filhos da terra, para alimentar a fé que os liga à sua igreja e fortalecer as raízes que os ligam ao seu torrão natal.

Nelas se robustecem velhas amizades e se criam outras novas, embora, às vezes, se gerem também discórdias, porque o calor aperta e o vinho sobe à cabeça dos romeiros, o que felizmente se vai tornando cada vez mais raro.

Depois de satisfeitas as devoções e cumpridos os votos, vá de dar largas à emoção e à alegria, num convívio salutar e fraterno, com os parentes e amigos, cantando e dançando, no largo da igreja ou no recinto da ermida.»

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José Malhoa - Pintor

Nasceu nas Caldas da Rainha a 28.4.1855 e faleceu em Figueiró dos Vinhos a 26.10.1933.

Diplomou-se na Academia Real de Belas-Artes.

Já decidido a abandonar a pintura, o sucesso de A Seara Invadida, exposta em Madrid em 1881 e logo
depois na Sociedade de Geografia com o Grupo do Leão, a cujo convívio naturalista aderira, renovou-lhe as esperanças numa carreira que teria em vida as mais altas compensações oficiais.

O segredo do seu sucesso foi a descoberta, c. 1890, de um receituário de que resultava uma pintura de costumes que ia ao encontro de uma burguesia saudosa da sua vivência rural.

Era um virtuoso, capaz de fixar com sinceridade em instantâneos saborosos uma certa faceta da realidade, se bem que com uma unilateralidade de visão que recusava qualquer informação exterior.

As Cócegas, 1904, os Bêbados, 1907, e o Fado, 1910, obras-chave da sua maturidade, são momentos da sua galeria de usos e costumes, que se desenvolve sistemática em pinceladas cada vez mais largas e livres à medida que vai trabalhando, abrindo a cor e diluindo as figuras, numa inventariação exaustiva de tipos populares e de situações do quotidiano campestre.

Casos isolados no seu empenhamento maior numa pintura de costumes são Outono, 1918, em que a cor adquire valores tonais de influência pós-impressionista, e a Ilha dos Amores, c. 1908, ilustração do canto IX de Os Lusíadas, com uma carnalidade raríssima na pintura nacional.

Encontra-se largamente representado no Museu Nacional de Arte Contemporânea, mas o maior acervo das suas obras, no total de umas seis dezenas de telas, pode ver-se no Museu Provincial de José Malhoa, nas Caldas da Rainha.

Fonte: “O Grande Livros dos Portugueses

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