Uma festa de trabalho na laboriosa Vila do Minho das mais lindas mimosas daquela região a que bem se chama Jardim de Portugal . Era apenas uma vasta planície no centro da Província do Minho , entre as cidades do Porto e de Braga, mas tão bem disposta para agricultura e cortada por uma estrada romana, que D. Sancho I , o povoador, determinou povoá-la, dando privilégios ao povo que a fosse povoar e concedendo-lhe foral em 1 de julho do ano 1205. Com o tempo se foi povoando e crescendo em edificações, mas o seu maior desenvolvimento data de 1841, em que a rainha D. Maria II lhe concedeu novo foral elevando a simples freguesia a Vila Nova de Famalicão . Desde esse ano até o presente o seu desenvolvimento tem sido progressivo mercê da sua situação corográfica, da fertilidade de seu solo e da laboriosidade de seus habitantes. Agora veio afirmar seus progressos com uma importante parada agrícola e industrial que realizou, mostrando a opulência da agricultura do seu concelho,...
Lavadeiras de Mafamude (Cliché do distinto fotógrafo amador, do Porto, sr. Eduardo Paulo) Ilustração Portugueza - 15 de Junho de 1914 As Lavadeiras em Portugal As lavadeiras sempre desempenharam um papel importante na sociedade portuguesa ao longo dos séculos. Elas eram mulheres responsáveis por lavar roupas, lençóis e outros tecidos, utilizando métodos tradicionais que exigiam conhecimentos, habilidade e força física. Antigamente, as lavadeiras reuniam-se em pontos de água, como rios, riachos ou lavadouros públicos (comunitários), para realizar suas tarefas. Elas usavam tábuas de pedra ou madeira, esfregavam as roupas com sabão e batiam para remover a sujidade. A técnica era conhecida como "bater a roupa" e requeria muito esforço físico. Essas mulheres costumavam trabalhar em grupo, compartilhando histórias, risadas e até mesmo canções. Eram momentos de sociabilidade, em que as lavadeiras se mantinham informadas sobre o que acontecia na comunidade e trocavam exp...
No Caramulo , a mais linda serra de Portugal, a cobertura tradicional dos habitantes é a capucha. Espécie de manto de santa, caindo naturalmente até à altura do joelho, deixa bem a descoberto a testa e parte anterior do rosto, dando à mulher um tom de verdadeira madona. E por lá aparecem algumas de formas tão esculturais e duma tal beleza de traços, que muitos as adorariam com mais carinho que às Santinhas que, sobre doiradas peanhas, destacam nos altares das capelas e igrejas. Nunca a fértil imaginação de alfaiate e modista inventou peça de vestuário mais apropriada e útil. Não é fácil precisar bem a sua origem, mas tudo leva a crer que viesse do Oriente, sendo trazida à região pelos árabes. Se é que o modelo não foi extraído de alguma gravura, estampa ou desenho vindo dos Lugares Santos o que é muito natural, por quanto a capucha ainda hoje é precisamente o manto que, desde os princípios do Cristianismo , aparece cobrindo a maior parte das imagens, ou seja em pintura ou...
O fim do Mercado de São Bento – Lisboa (1938) “O velho Mercado de São Bento vai desaparecer para dar lugar a coisas mais belas e oportunas. Com 57 anos de idade - completou-os no dia 1 de janeiro - não pode dizer-se que morre muito criança. Para um mercado que não evoluiu é a decrepitude. (...) No terrado podiam instalar-se centenas de vendedores com as suas mercadorias. Davam entrada para o Mercado três vistosos pórticos de ferro que os críticos de há meio século classificaram de «incontestável beleza». Na parte central havia um pequeno jardim triangular em cujos vértices haviam sido colocados marcos fontenários para serventia pública. Nada ali faltava. O Mercado era um verdadeiro mimo, e como tal deveria ser considerado pelos moradores do sítio. Encontravam-se ali lugares de frutas, hortaliças, aves, carne, peixe, bebidas e toda a espécie de víveres tabacos, louças, objetos de vestuário, calçado e muitos outros artigos. Quem é que se não lembra ainda do homem das...
Um carro de bois (Desenho de M. de Macedo, segundo uma fotografia de E. Biel) É (...) o sr. Biel quem nos fornece uma magnífica fotografia donde o sr. Manuel de Macedo tirou o desenho [acima]. É um perfeito quadro colhido em flagrante na natureza e que surpreendeu aqueles homens no meio dos seus labores. Além de todo o pitoresco do local e da cena que se desenrola a nossos olhos, uma particularidade chama a atenção do observador, que é a enorme canga que descansa sobre os cachaços dos pacíficos bois. Estas cangas são vulgares em toda a província do Minho e do Douro , e elas constituem uma verdadeira curiosidade, não só pelo tamanho, como pelos lavores e arrendados que as enfeitam, uso este que vem da mais remota antiguidade e que ainda hoje se conserva com toda a beleza que o caracteriza. (1) Os carros de bois no Minho Os carros de bois sempre tiveram uma presença marcante na cultura do Minho, região do norte de Portugal. Estes veículos eram utilizados pelos agricultores p...
Costumes Portugueses - Mulher dos arredores do Porto (Desenho natural por M. Macedo) "A gravura (...) representa um dos variados tipos de mulheres do Douro que, todos os dias se avistam na cidade do Porto, onde vêm vender nos mercados as frutas, hortaliças, legumes, etc. das suas aldeias. O seu trajo é extremamente pitoresco, realçado pelo ouro que lhe pende das orelhas e do colo [ pescoço ], indo descansar sobre o peito que fica completamente coberto de corações e imagens da virgem, tudo de filigrana do precioso metal. Esta riqueza representa ordinariamente o fruto das suas economias e quanto tem quanto trazem em cima de si, e a paixão que têm pelas joias obrigam-nas muitas vezes às maiores privações, para adquirirem mais um coração, mais uma conta para o colar de ouro , etc. Estas mulheres do Douro , assim como as do Minho são de uma grande atividade, trabalhando na lavoura e no seu comércio com mais vigor que os homens daquelas províncias." In " Occidente ...
A leiteira, em Lisboa, a pregoar o seu leite! Lisboa de pregões sonora e linda, Lisboa de pregões, linda e sonora, Frases cantantes de saudade infinda, Vozes que a chama da alegria cora. Os pregões de Lisboa - cantilena, Notas confusas de pregões sem fim, Alguns chorosos, trémulos de pena, Outros vibrando em notas de clarim. Duas simples palavras sem enfeite - Mas numa voz de tal suavidade! - A adorável meiguice do «iá leite!» Adorável de graça e de saudade. Quem tão doce pregão cedo apregoa Na rua triste, quási sem ninguém? É a varina , a leiteira de Lisboa, De pés bem feitos, nús, pisando bem! Como é graciosa e linda!... E com que planta Corre essas ruas de Lisboa inteira. Tem raça grega - é neta da Atalanta, Essa escultura viva, essa leiteira! Martinho de Brederode Fonte: " Ilustração Portuguesa ", nº381 - 1913 As leiteiras de Lisboa No início do século XX, as leiteiras eram figuras conhecidas e essenciais nas ruas de Lisboa. Mulheres corajosas...
Trajos do Minho Mulheres com Trajos de Cerimónia, Festa ou Romaria «O traje de cerimónia era concebido para ocasiões de grandes festividades familiares ou colectivas. Quer se destinasse para o casamento dos filhos, quer para vestir o «juiz» ou «mordomo», depositário de confiança da comunidade e seu representante nas festas colectivas, era o prestígio de uma «casa», que se punha à prova dos olhares avaliadores de povoação. O prestígio alcançado por essa família ultrapassava-a e tornava-a extensivo a toda a comunidade. Era um factor de coesão.» Ler+ Trajos do Minho Homens e Mulheres com Trajos de Trabalho e utensílios agrícolas «O traje de trabalho também designado por traje de cotio ou traje da semana, vestia-se como o próprio nome indica, durante a semana, para trabalhar. Com características próprias, de acordo com a função a que se destinava, havia de reflectir a imagem que a comunidade tinha acerca do trabalho e as relações sociais construídas segundo e...
A Região Saloia Existe na Estremadura uma área, mais ou menos vasta, com particularismos que a tornam uma região específica do ponto de vista etnográfico. Trata-se da chamada região saloia que se estende a norte e ao longo da faixa litoral a oeste de Lisboa, desde Mafra e Loures, passando pelos concelhos de Sintra, Oeiras e chegando até às portas de Benfica onde em tempos idos se efectuava a pesagem dos produtos que entravam na cidade. Ler+ Conjunto escultórico alusivo à tradição da região saloia, em Loures. Pormenor do conjunto escultórico Sobre a região saloia , sugerimos a leitura de alguns textos muito interessantes: - Os trajes dos saloios (séc. XIX e 1ª metade do séc. XX) - O Falar saloio - Os Pregões saloios - A casa saloia - As Crenças sobrenaturais saloias Finalmente, e não menos interessante, O Folclore Saloio e a construção do Convento de Mafra . (Fotos de Carlos Gomes)
Tomaz Ribas , no seu livro " O Trajo Regional em Portugal " afirma que a paisagem do Minho , " variada de vales profundos e espraiados, litoral recortado e serras que se alongam para o interior desde Arga ao Gerês, tem de marcar necessariamente o trajar do minhoto, ora pela exuberância da cor e do desenho, ora por uma frugalidade contida ." O traje de lavradeira "É mundialmente conhecido o traje domingueiro de lavradeira vulgarmente conhecido por “ traje à vianesa ”. Por estes dias, vemo-lo a desfilar por todas as romarias da nossa região, na Senhora d’Agonia e nas Feiras Novas , no São João d’Arga e nos festejos da Senhora da Bonança . Mas, afinal, de que se trata realmente o traje de lavradeira ? De uma forma genérica, o traje à lavradeira era a roupa que a mulher do campo usava nas suas lides diárias como em dias de festa e de romaria, diferenciando-se naturalmente a que empregava no trabalho da que guardav...