Porcos para a matança
No NatalFactoreando as vítimas nas vésperas do suplício (Cliché João Magalhães) |
«Um dos pontos mais importantes das festas do Natal é o da
matança dos porcos. Nas grandes cidades não se dá por isso.
Os cevados aparecem dependurados às portas dos talhos, sem
alvoroço para as famílias, sem nos terem incomodado com os gritos estrugidores
da sua agonia, sem nós fazermos ideia de quantos eles custaram a criar e a
engordar.
Por todas essas províncias, não há casal por mais pobre, que
não tenha pelo menos um porquinho, que se trata com o maior cuidado para no
Natal estar grande e nédio e poder fornecer, além das morcelas, dos torresmos
para os dias de festa, carne de fumeiro e toucinho de salmoura, que às vezes
duram até ao outro Natal.
E é um dia de juízo o da matança do porco.
Ainda de noite preparam-se os alguidares para lhe aparar o
sangue, picam-se montes de cebolas greladas para as morcelas, arruma-se a
carqueja bem seca para o chamuscar, repassa-se outra vez o fio da faca, uma
infinidade de preparativos, e o grunhir aflitivo do animal, ao ser arrastado
para a mesa do sacrifício, não consegue comover ninguém.»
In "Ilustração Portugueza, 23 de Dezembro de 1912"
O Porco no Rifoneiro Português
- Economicamente, o porco é um tesouro, um bom negócio, uma
exigência
- O reco, na práxis, é um livro aberto, biológica e
moralmente
- O porco na culinária
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