Uma Feira de Gado
O novo quadro de Carlos Reis destinado ao Museu Nacional de Belas Artes (Cliché Benoliel) |
Uma Feira de Gado
“Perde-se nos tempos a origem das feiras enquanto local onde
os povos efectuavam as suas transacções e adquiriam bens que necessitavam e não
produziam em troca dos seus próprios produtos, dando origem a uma classe de
mercadores que passaram a viver exclusivamente dessa actividade.
As feiras tiveram, desde sempre, uma elevada importância não
apenas devido ao incremento económico como ainda pelo seu contributo na
circulação de ideias e do conhecimento de outras culturas. (…)
As gentes das aldeias e outras povoações em redor constituíam-se
em ranchos para se fazerem ao caminho, com as suas gigas e produtos para vender
ou os animais presos à soga.
Seguem pelos atalhos e, chegados ao local da feira,
dispersam-se cada um com o seu destino e negócio em mente.
Porém, existe sempre um local de encontro previamente
estabelecido onde as gentes se reúnem os seus haveres, as compras que fizeram
e, chegados ao fim do dia, se juntam de novo para regressar em rancho a suas
casas.
Era na feira que tudo ou quase tudo se comprava e vendia,
desde a ninhada dos pintos ao gado pesado, dos pequenos utensílios domésticos
ao pesado carro de bois.
Era ainda na feira que se contratavam os jornaleiros para os
trabalhos agrícolas e, no final, se efectuava o pagamento dos seus serviços.”
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Texto: Dr. Carlos Gomes | Imagem: "Ilustração
Portuguesa", nº219 - 2 de Maio de 1910