Oh! Pés que andam descalços!!...


Oh! Pés que andam descalços!!... (Lisboa - 1928)


Pé lépido e fresco, ao léu, calcoriando ruas e vielas desta velha Lisboa, ninguém mais adrega de te pôr a vista em cima.

Ovarinas e gaiatos, ardinas e colarejas, tudo sofre a municipal ordem de encerrar os pés em estojos os mais variegados, podendo, pela variedade, constituir o recheio do mais pitoresco e completo museu de coisas sem serventia.

As nossas fotos representam, «à Marinetti», alguns momentos típicos desta grande tragédia de andar calçado; as que têm sapatos e os trazem nas mãos como... documento para satisfação policial (1, 2 e 7), as que têm os pés chagados de tanto conforto da civilização (3, 5 e 7) e, finalmente, os momentos de alívio em que, pelos cantos da Ribeira, as ovarinas, com grandes suspiros, atiram para longe os velhos chinelos e deixam ao léu, lépidos e frescos, os pés descalços que a lei proíbe (4 e 6).

(Fotos inéditas e esclusivas da «Ilustração»)

Fonte: «Ilustração», 3º ano - número 68 - 16 de Outubro de 1928 (texto editado)

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