As Lavadeiras do Norte - Lavadeiras do Ave


A Lavadeira

De joelhos, de bruços, na ribeira,
Cujas águas deslizam mansamente,
Lava, lava, cantando, a lavadeira
Da madrugada até ao sol poente.

Molha, ensaboa a peça... Anda ligeira!
Depois esfrega-a, molha-a novamente.
E bate, e torce e cora-a de maneira,
Que, ao cabo, fica a roupa alvinitente.

Também eu quis lavar o meu tormento
Na ribeira lustral do esquecimento,
Com lágrimas choradas... Tudo em vão!

De nada me serviu chorar, Senhor!
Quando o ciúme entenebrece o amor
Não há pranto que lave o coração!

José Forbes Costa

(Soneto classificado no concurso da «Ilustração Portuguesa»)

"Ilustração Portuguesa" nº 392 - 25 de Agosto de 1913 | Imagem: As lavadeiras do Norte - Lavadeiras do Ave

Mensagens populares deste blogue

Lavadeiras de Portugal - mulheres extraordinárias

Danças Populares e Tradicionais Portuguesas (1)

Costumes Lisboetas - A Peixeira / Varina

Barco rabelo à sirga - no Rio Douro

A vida dos marinheiros do Rio Douro (1)

Campinos do Ribatejo

Profissões antigas - O Tanoeiro

Profissões e trajes de Lisboa antiga (1938)

Conjunto escultórico no Jardim do Mouchão - Tomar

Vila Franca do Lima, a terra dos cestos de flores e da Festa das Rosas