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A matança do porco

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  Um belo exemplar suíno A condução da vítima para o suplício (Clichés Benoliel) "Enterram-lhe uma enorme faca no pescoço e grossas golfadas de sangue rubro são aparadas em alguidares, onde mãos de mulheres o vão agitando para ele não coagular. Nalguns pontos a morte é pronta, devida a uma picada de sovelão, e depois é que lhe tiram o sangue." Espetando o sovelão "Morto o animal, a primeira coisa a fazer é tirar-lhe o cabelo. Percorre-se-lhe o corpo demoradamente com ramos de carqueja a arder, enchendo-se o pátio e a casa de um fumo denso, fétido, irritante, no meio de crepitações secas." Chamuscando "Raspa-se depois o couro com uma faca, esfrega-se com carqueja molhada e lava-se em seguida com abundante água." Depois do pêlo queimado rapa-se com facas Depois de rapado lava-se com água quente Preparando as morcelas Com as morcelas ao lume "Com a ajuda dos vizinhos, leva-se em braços o porco, depois de esvaziado, e dependura-se a uma trave por uma gros

O «Rancho Vapor» da Figueira da Foz (1909)

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«Rancho Vapor» da Figueira da Foz "Nos dias 27,28 e 29 de junho [1909], apresentou-se no jardim de estrela, nas festas promovidas pela Associação da Imprensa , a favor do seu cofre das viúvas e órfãos, o célebre Grupo do vapor , da Figueira da Foz , composto de 90 figuras, e que vinha precedido de uma excelente reputação, não só como executante dum reportório notável e variadíssimo, mas ainda como muito dedicado por tudo quanto represente acção caritativa, pois se presta sempre a colaborar em festas de beneficência, guardando para si apenas a satisfação de ter concorrido para o alargamento de benefício a conseguir. E assim procedeu para com o cofre das viúvas e órfãos dos jornalistas pobres, porque obsequiosamente se prestou a abrilhantar as referidas festas em três apresentações sucessivas, exibindo um reportório que foi entusiasticamente aplaudido. O Grupo do vapor foi realmente um dos números do programa daquelas festas que mais agradou. Apresentado sobre um vasto e be

Grupo de mulheres tratando enguias

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"Tratando enguias" "Ilustração" - nº129 - 1931 Enguias As enguias são peixes teleósteos da ordem dos Anguiliformes . São animais vorazes, de corpo alongado e forma de serpente. Encontram-se na maior parte dos mares e áreas costeiras, junto à desembocadura dos rios. A enguia-europeia ( Anguilla anguilla ) varia entre 0,5 me 1,20 m de comprimento, não apresenta barbatanas ventrais, as peitorais são pequenas e a comprida barbatana dorsal chega até à ponta da cauda, por altura do orifício anal. Tem a cabeça coberta por pequeníssimas escamas. Como meio de defesa contra uma possível dessecação, possui fendas branquiais diminutas e tem geralmente o corpo envolto numa camada de lama, pois a enguia percorre distâncias consideráveis através de terrenos mais ou menos secos quando, por exemplo, resolve mudar de um rio para outro. Dotada de mandíbulas poderosas e de dentes afiados, a enguia é um predador voraz que se alimenta principalmente de lagostins, ovas, pequenos peixes

Traje da mulher de Castro Laboreiro - Serra da Peneda (Alto Minho)

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Mulher de Castro Laboreiro "A castreja usa sobre a cabeça a capucha de burel , que lhe forma touca e desce até meia coxa; casebeque, saia e singuidalho de fuloado de lá ou de linho, calções e piúcas sem pé. Nos pés, prende com «baraças» ou ligas as «chancas» de pau; cobre os pulsos e as mãos com manguitos de burel. (...) Chancas, tamancos, tamancas, tairocas, socas e socos são as formas mais ou menos primitivas do calçado de «sola de pau», desde a sola descoberta da chanca de Castro Laboreiro à soca transmontana e beiroa de pé fechado e taloeira alta, e à tairoca ou tairoga alentejana, fechada adiante e de entrada livre." Luís Chaves in "Ilustração", nº140 - 1931 (texto editado) Sugestões: Venda de perus pelo Natal, em Lisboa (1909) Varinas, vendedeiras de peixe | Tipos portugueses Colónia ovarina de Lisboa festejava Santa Luzia (13 de Dezembro)

A capucha era usada por homens e mulheres

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Costumes femininos - Barroso  (pub. em Emílio Biel - A arte e a natureza em Portugal, 1902-1908) Falando de Barroso, diz o mesmo romancista em Os Brilhantes do Brasileiro (4ª ed. pág. 191): «uma terra que chamam Barroso... O sítio é triste, é montanhoso, as casas são colmadas, os alimentos grosseiros, os frios do inverno glaciais...» A capucha tem outros nomes: capucho, corucha, corucho, crucho e crucha e corucelo (Pitões). Usam-na homens e mulheres, mais curta no Norte (Soajo, Castro-Laboreiro, Barroso), mais comprida na Beira (Caramulo e planalto de Castro Daire), mais espessa e grosseira além, diferente lá e cá no corte geral, na forma e costura da touca.  Todavia o aspecto de todas estas «capucheiras» (Chaves e Montanha) é idêntico. A capucha derivou na capa de pardo, espécie de capucha sem touca, que se suspende ao pescoço, ora sem gola, ora de gola curta ou reduzida a cós, forma bem indicial da derivação, pois lembra capucha a que tivessem cortado o capuz. Esta capa

Venda de perús pelo Natal, em Lisboa (1909)

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As vítimas do Natal (Cliché Benoliel) "Ilustração Portuguesa", nº201 - 1909 As vítimas do Natal “Quando os perus aparecem, quando o saloio , carapuço à banda, calça apertada nos canelos, os traz daí dos arredores à ponta da sua vara, e o apregoa ao apetite dos alfacinhas felizes - é porque o dia de Natal não anda longe! (…) E o pregão , longo e nostálgico, do homem dos perus, acorda dentro do nosso coração uma doce saudade, uma saudade velhinha, em que há ainda o sorriso duma criança, que era quási da nossa idade, e que pela sua inocência, pela sua ternura, pela sua idade humilde, era mais do que um amigo, era mais do que um irmão!... (…) Ó homem dos perus, canta com mais alegria o teu pregão e com essa vara enxota o teu bando nostálgico de maneira que ele não anda tão arrastadamente por essas ruas e não gorgoleje com tanta nostalgia o seu glu... glu... Dá-nos a ilusão de que todos, na noite de Natal, os pobres e os doentes, tenham, como os ricos, também o peru nas

Encontro com a varina

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Desenho de Annunciação - Gravura de Pedroso "Na varina , que seria toda prosa se não fora o ser a lindeza, cunho, graça original, e dota das da sua terra, e tanto que nem o seu trajar característico, pobre e grosseiro, lha encobre. Na varina enxergou o enamorado talento do nosso artista, através das nuvens, o seu sol. Pegou no lápis distraído, e lançou isso, sem o saber, para o papel. Para os outros? Para si? Para ninguém e sem nenhum fim. Desenhou por desenhar; desenhou como um poeta, vendo um objecto que o toca, murmura um verso que não descreve nem decora. O nosso gravador, que gostou do improviso, como o pintor provavelmente gostara da varina, reproduziu, e nós sem mais pretensões que eles ambos, vo-lo oferecemos nestas poucas e pobres linhas." In "Arquivo Pitoresco", nº38 – 1859 Sugestões: Varina de Lisboa - Trajo antigo (1898) As varinas de Lisboa vendem cantando pregões! Tipos portugueses: pescadores, varinas, campinos, devotos e ganhões

A Feira das Nozes em Arnelas no ano de 1914

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A venda das nozes em Arnelas "A Feira das Nozes em Arnelas é uma das mais pitorescas feiras do norte de Portugal. Arnelas fica a 12 quilómetros do Porto, na encantadora margem esquerda do Douro, em frente do Sousa. É um dos mais aprazíveis arredores do Porto. Todos os domingos para ali se foram constantes romarias, assumindo um característico aspecto regional as excursões, pic-nics , regatas, etc., que lá se realizam, tornando-se digna de registo a excursão dos barbeiros do Porto num dos últimos domingos de Setembro . Sobranceira ao Douro, destaca-se a capelinha de S. Mateus , a 10 minutos da praia, com a soleira gasta pelos pés dos devotos. São inúmeros os que lhe vão pagar ofertas no fim do ano, em dinheiro, em géneros, em cera, etc. E o cumprimento da promessa serve de excelente pretexto para um bom passeio e para uma merenda ainda melhor. Feita à pressa a devoção, espalham-se todos pelo areal caprichosamente em grupos, comem com devorador apetite os seus far

Visconde de Coruche, fotógrafo amador dos finais do séc. XIX e início do séc. XX

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Caetano da Silva Luz Visconde de Coruche Às cinco horas da manhã de 30 de Dezembro último [1904], faleceu o sr. Visconde de Coruche, Caetano da Silva Luz . Era um agrónomo distinto entre os mais distintos e um afeiçoado fotógrafo amador. Escritor e publicista, sobretudo em assuntos de agronomia, e caricaturista finíssimo. Temperamento cheio de aptidões e utilidades posto ao serviço de um carácter recto. Como fotógrafo amador, concorreu à Exposição Nacional de Fotografia realizada em Janeiro de 1900, na Sala Portugal da Sociedade de Geografia , e aí os seus trabalhos obtiveram a 2ª medalha. (...) À fotografia das cores também se dedicou com afinco e alguns dos seus trabalhos vimos feitos pelo processo Lumiére. Perdeu pois a fotografia Portuguesa um dos seus maiores afeiçoados. In " Boletim Fotográfico ", nº61 - Dezembro de 1905 Sugestões: Exposição de fotografias de Marques Abreu, no Ateneu Comercial do Porto (1914) Rancho de Estarreja atuou no Casino de Estor

As rendas de bilros em Peniche – rendilheiras a trabalhar!

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Rendilheiras a trabalhar em Peniche "Como na Itália, em que à indústria rendeira se prende uma poética lenda, em Portugal são as mulheres dos pescadores que, desde remotas épocas, fabricam a renda de bilros . Em Peniche alcançou esta indústria maior desenvolvimento, e as rendas finas no género Malinas , as guipure , as torchon , mesmo as valencianas , se executavam ali delicadamente. Pelo meiado desde século [séc. XIX] elevou-se o fabrico das rendas de Peniche a grande perfeição, depois decaiu, tornando-se geralmente mais inferior a execução e menos correctos e escolhidos os desenhos. A criação duma escola industrial em Peniche veio dar novo impulso à indústria rendeira. A primeira professora dessa escola foi D. Maria Augusta Bordallo Pinheiro , quer estudando com interesse essa velha indústria nacional, se apaixonou por ela, e consagrando-lhe toda a dedicação da sua alma de artista, toda a sua extraordinária actividade, criou sobre a antiga indústria uma indústria nov