A vida dos marinheiros do Rio Douro (2)
Marinheiros carregando pipas de vinho no «barco rabelo» |
«(…) Atingindo o barco o seu destino, muitas vezes à custa de remos e puxado à «sirga» pelos «marinheiros», ou seja em Riba-Corgo ou Baixo-Corgo, vai um da companha participar a chegada ao lavrador ou ao comissário de vinhos.
Pelos íngremes caminhos rústicos, verdadeiros «gorrêtas», descem até ao cais carros de bois a carregarem pipas vazias, que voltam a trazer cheias das adegas.
Interessante e digna de estudo também a vida trabalhosa dos carreiros do Douro!
Reboladas as pipas, cheias do mais afamado e precioso dos vinhos, sobre as pranchas, para o barco, pela «maruja» às ordens do «feitor» - ei-lo ali vai, rio abaixo, ao sabor da corrente, enquanto os «marinheiros» cantam e riem, conversando uns com os outros por meio de cantigas em que o verso é incorrecto e o estilo monótono, mas tão cadenciado e harmónico como o bater das «pás» abrindo em laivos cristalinos a água profunda!
Interessante e digna de estudo também a vida trabalhosa dos carreiros do Douro!
Reboladas as pipas, cheias do mais afamado e precioso dos vinhos, sobre as pranchas, para o barco, pela «maruja» às ordens do «feitor» - ei-lo ali vai, rio abaixo, ao sabor da corrente, enquanto os «marinheiros» cantam e riem, conversando uns com os outros por meio de cantigas em que o verso é incorrecto e o estilo monótono, mas tão cadenciado e harmónico como o bater das «pás» abrindo em laivos cristalinos a água profunda!
«Barco rabelo» subindo o Douro com pipas vazias |
A paisagem é por vezes duma austeridade dantesca!
No fundo das ladeiras, nas quais novamente se vai alastrando a vinha, debruçando-se viçosa dos socalcos que se elevam às alturas e onde poisam casas de quinta alvas de neve – as rochas, os fraguedos nus e enegrecidos inspiram por vezes pavor. (…)»
Amílcar de Sousa - Cheires – Alto Douro – 7-3º-1906
Amílcar de Sousa - Cheires – Alto Douro – 7-3º-1906
Texto (adaptado à grafia actual) e fotos: Illustração Portugueza – nº9 S/d (1906)