O Traje das Vindimadeiras no Douro No primeiro terço do séc. XX, " As vindimadeiras vestiam um berrante lenço de cabeça, uma blusa e uma saia, de cores claras, cingiam, por vezes, a cintura com um xaile de merino e calçavam socas. Os homens, por seu lado, cobriam-se com um chapéu de palha ou de feltro, de aba larga, vestiam calças de cotim ou de linho e camisa de linho ou riscado, umas e outras geralmente remendadas, e calçavam socos ". in "Alto Douro, terra de vinho e de gente", A.L. Pinto da Costa | Foto retirada da obra: "O Douro", de Manuel Monteiro A propósito, sugere-se a leitura do artigo "Vindimar até ao lavar dos cestos" Chegou o Setembro e com ele as primeiras águas de Outono. O ano agrícola propriamente dito chegou ao fim. É tempo de vindimas e também de desfolhadas na região de Entre-o-Douro-e-Minho que aqui o milho é de regadio e por esse motivo se realizam mais tarde em relação às terras em que a sua cultura é de sequeiro. Sa...
Um jangadeiro minhoto Na mesma província do Minho , à beira mar, o fato simples usado pelos jangadeiros de Anha, emparceira admiravelmente com, rudeza semisselvagem do vestuário das castrejas . É muito característico o tipo destes lavradores-marinheiros, que nas costas do norte, principalmente junto a Viana do Castelo , e por todo o litoral desde Montedor até à costa do sul do Lima, no local denominado Anha, se aventuram ao mar, a fim de colher o sargaço , moliço ou limos , como lhe chamam, com que vão depois fertilizar as suas terras navegando sobre frágeis jangadas, formadas por oito troncos de madeira muito leve ligadas a maneira de estrado, tendo lateralmente duas tabuas dispostas em forma de borda falsa: os troncos das bordas são mais compridos, e, levantam em forma de rabo de arado. Vestem unicamente uma espécie de sobrecasaca de lã grossa e forte, o que chamam branqueta , presa com um cinto e abotoada na frente, uma car...
Lavadeiras de Mafamude (Cliché do distinto fotógrafo amador, do Porto, sr. Eduardo Paulo) Ilustração Portugueza - 15 de Junho de 1914 As Lavadeiras em Portugal As lavadeiras sempre desempenharam um papel importante na sociedade portuguesa ao longo dos séculos. Elas eram mulheres responsáveis por lavar roupas, lençóis e outros tecidos, utilizando métodos tradicionais que exigiam conhecimentos, habilidade e força física. Antigamente, as lavadeiras reuniam-se em pontos de água, como rios, riachos ou lavadouros públicos (comunitários), para realizar suas tarefas. Elas usavam tábuas de pedra ou madeira, esfregavam as roupas com sabão e batiam para remover a sujidade. A técnica era conhecida como "bater a roupa" e requeria muito esforço físico. Essas mulheres costumavam trabalhar em grupo, compartilhando histórias, risadas e até mesmo canções. Eram momentos de sociabilidade, em que as lavadeiras se mantinham informadas sobre o que acontecia na comunidade e trocavam exp...
A venda das nozes em Arnelas "A Feira das Nozes em Arnelas é uma das mais pitorescas feiras do norte de Portugal. Arnelas fica a 12 quilómetros do Porto, na encantadora margem esquerda do Douro, em frente do Sousa. É um dos mais aprazíveis arredores do Porto. Todos os domingos para ali se foram constantes romarias, assumindo um característico aspecto regional as excursões, pic-nics , regatas, etc., que lá se realizam, tornando-se digna de registo a excursão dos barbeiros do Porto num dos últimos domingos de Setembro . Sobranceira ao Douro, destaca-se a capelinha de S. Mateus , a 10 minutos da praia, com a soleira gasta pelos pés dos devotos. São inúmeros os que lhe vão pagar ofertas no fim do ano, em dinheiro, em géneros, em cera, etc. E o cumprimento da promessa serve de excelente pretexto para um bom passeio e para uma merenda ainda melhor. Feita à pressa a devoção, espalham-se todos pelo areal caprichosamente em grupos, comem com devorador apetite os seus far...
Tomaz Ribas , no seu livro " O Trajo Regional em Portugal " afirma que a paisagem do Minho , " variada de vales profundos e espraiados, litoral recortado e serras que se alongam para o interior desde Arga ao Gerês, tem de marcar necessariamente o trajar do minhoto, ora pela exuberância da cor e do desenho, ora por uma frugalidade contida ." O traje de lavradeira "É mundialmente conhecido o traje domingueiro de lavradeira vulgarmente conhecido por “ traje à vianesa ”. Por estes dias, vemo-lo a desfilar por todas as romarias da nossa região, na Senhora d’Agonia e nas Feiras Novas , no São João d’Arga e nos festejos da Senhora da Bonança . Mas, afinal, de que se trata realmente o traje de lavradeira ? De uma forma genérica, o traje à lavradeira era a roupa que a mulher do campo usava nas suas lides diárias como em dias de festa e de romaria, diferenciando-se naturalmente a que empregava no trabalho da que guardav...
Costumes Portugueses - Mulher dos arredores do Porto (Desenho natural por M. Macedo) "A gravura (...) representa um dos variados tipos de mulheres do Douro que, todos os dias se avistam na cidade do Porto, onde vêm vender nos mercados as frutas, hortaliças, legumes, etc. das suas aldeias. O seu trajo é extremamente pitoresco, realçado pelo ouro que lhe pende das orelhas e do colo [ pescoço ], indo descansar sobre o peito que fica completamente coberto de corações e imagens da virgem, tudo de filigrana do precioso metal. Esta riqueza representa ordinariamente o fruto das suas economias e quanto tem quanto trazem em cima de si, e a paixão que têm pelas joias obrigam-nas muitas vezes às maiores privações, para adquirirem mais um coração, mais uma conta para o colar de ouro , etc. Estas mulheres do Douro , assim como as do Minho são de uma grande atividade, trabalhando na lavoura e no seu comércio com mais vigor que os homens daquelas províncias." In " Occidente ...
Trajos do Minho Mulheres com Trajos de Cerimónia, Festa ou Romaria «O traje de cerimónia era concebido para ocasiões de grandes festividades familiares ou colectivas. Quer se destinasse para o casamento dos filhos, quer para vestir o «juiz» ou «mordomo», depositário de confiança da comunidade e seu representante nas festas colectivas, era o prestígio de uma «casa», que se punha à prova dos olhares avaliadores de povoação. O prestígio alcançado por essa família ultrapassava-a e tornava-a extensivo a toda a comunidade. Era um factor de coesão.» Ler+ Trajos do Minho Homens e Mulheres com Trajos de Trabalho e utensílios agrícolas «O traje de trabalho também designado por traje de cotio ou traje da semana, vestia-se como o próprio nome indica, durante a semana, para trabalhar. Com características próprias, de acordo com a função a que se destinava, havia de reflectir a imagem que a comunidade tinha acerca do trabalho e as relações sociais construídas segundo e...
A etnografia desempenha um papel fundamental na preservação da cultura popular, permitindo o registo, a compreensão e a valorização das tradições, costumes e formas de expressão das comunidades. No contexto atual, onde a globalização tende a uniformizar práticas e valores, a etnografia assume uma importância crescente na salvaguarda da identidade cultural dos povos. Este artigo explora como a etnografia contribui para a preservação da cultura popular , analisando os seus métodos, desafios e impacto na sociedade. O que é a etnografia? A etnografia é um ramo da antropologia que se dedica ao estudo sistemático das culturas e das sociedades humanas. O termo deriva do grego ethnos (povo) e grapho (escrever) , significando, literalmente, “ escrever sobre os povos ”. O objetivo da etnografia é documentar e interpretar os modos de vida, as crenças, os valores e as práticas das comunidades, geralmente através de uma abordagem qualitativa que envolve a observação participante, e...
Costumes Lisboetas - A Peixeira Illustração Portugueza - 21 de Dezembro de 1903 A varina , transportando a sua canasta à cabeça, percorria as ruas de Lisboa com os seus pregões matinais: «Olha a sardinha, é vivinha da costa.» «Há carapau fresquinho, olha o carapau para o gato.» «Ó freguesa leve um quarteirão, é fresquinha a minha sardinha.» «Tenho chicharro lindo, carapau, pescada fina.» «Oh viva da costa.» «Há carapau e sardinha linda.» «Ó freguesa desça a baixo.» Vareiros e Varinas «(...) Quem não se lembra ainda das graciosas varinas que, de canastra à cabeça, saracoteando as ancas e apregoando com o seu jeito característico, percorriam a cidade da ribeira às colinas, vendendo o peixe que arrematavam na lota ou iam buscar ao cais à chegada das velhas faluas.(...)» Ler+
Traje de Afife Traje da Areosa O traje no Minho variava conforme a sub-região Mas o traje antigo da mulher rural do Minho não era uniforme, variando ainda consoante a região – ou sub-região se assim o entenderem! – de acordo com as necessidades climatéricas, os rituais e as mentalidades, o caráter e a habilidade das talentosas artistas que o confecionam. Alegres e vistosos na Ribeira Lima , desde Viana do Castelo até Ponte de Lima , com mais estopa na Serra d’Arga , mudam completamente de cor a partir de São Martinho da Gandra para quem segue o percurso do rio Lima até ao Soajo . E, que dizer do traje de lavradeira de Ponte da Barca , de Barcelos ou de capotilha na região de Braga ? Todos estes e muitos outros, com as formas mais diversas, mais não são do que variantes do traje de lavradeira minhota ou, melhor dizendo, diferentes trajes que a mulher rural outrora usava no Minho. Na...