Trajes do Minho: Anha e Castro Laboreiro
Um jangadeiro minhoto |
Na mesma província do Minho, à beira mar, o fato simples usado pelos jangadeiros de Anha, emparceira admiravelmente com, rudeza semisselvagem do vestuário das castrejas.
É muito característico o tipo destes lavradores-marinheiros, que nas costas do norte, principalmente junto a Viana do Castelo, e por todo o litoral desde Montedor até à costa do sul do Lima, no local denominado Anha, se aventuram ao mar, a fim de colher o sargaço, moliço ou limos, como lhe chamam, com que vão depois fertilizar as suas terras navegando sobre frágeis jangadas, formadas por oito troncos de madeira muito leve ligadas a maneira de estrado, tendo lateralmente duas tabuas dispostas em forma de borda falsa: os troncos das bordas são mais compridos, e, levantam em forma de rabo de arado.
Vestem unicamente uma espécie de sobrecasaca de lã grossa e forte, o que chamam branqueta, presa com um cinto e abotoada na frente, uma carapuça vermelha ou um chapéu preto de grandes abas completam tão singular vestimenta.
Mulher de Castro Laboreiro |
Em luta constante com a natureza, a quem arrancam, após
porfiadas canseiras, as matérias-primas que lhe fornecem o fato e o alimento,
únicos produtos das rudimentares indústrias que exercem: a pastorícia e a
agricultura, os montanheses de Castro
Laboreiro são uma pobre gente desconfiada e semisselvagem.
O vestuário das suas mulheres dá á primeira vista ideia
lucida e sugestiva de toda a sua rudeza: capucha ou mantela, o corpete e a saia,
é tudo feito de tecido grosseiro de fabrico local a que chamam burel
ou picoto.
Os tamancos toscos, espécie de sandálias, formadas por rudes madeiros ligados aos pés por correias fortes, chamados chancas ou alabardeiros, completam o vestuário das castrejas, em que as roupas brancas faltam por completo.
(Clichés do distinto amador, sr. J. Albino Pereira de Carvalho
A. Mesquita de Figueiredo
Ilustração Portuguesa, nº369 – 17 de Março de 1913