Cobertas de Urros – Torre de Moncorvo
Cobertas de Urros
É em Urros,
povoação do concelho de Torre de Moncorvo, que trabalham ainda os
últimos teares de seda transmontanos.
De toda
essa indústria delicada e rica, que deu fama às oficinas de Bragança e Chacim,
resta somente o labor ignorado das velhas tecedeiras de Urros: da
magnificência dos selins, das «nobrezas» e dos damascos, apenas hoje nos dão
uma pálida ideia as cobertas de linho recamadas de trama de barbilho amarelo doirado,
azul-escuro, verde ou vermelho.
A trama
forma, assim, os motivos do desenho, a destacarem-se do fundo branco do linho.
São palmas
entrelaçadas, emoldurando corações; vasinhos de onde saem grandes ramos de
flores do campo; barras de desenho regular e sabor oriental, formando
cercadura.
Num dos
topos, a data e as iniciais da tecedeira ou do primeiro possuidor.
Nas cobertas
de Urros, como em todos os trabalhos populares do seu género - alinhavados
de Niza, cobertas de Santa Clara-a-Nova, tapetes de
Arraiolos, esteiras do Algarve -, transparece também a vida
simples do povo: arte, sentimento e ingenuidade.
Pobres
tecedeiras de Urros!
O vosso
labor abençoado tem conseguido perpetuar mais uma linda industriazinha
portuguesa, perdida entre terras de além do Douro.
Como todos
vos devemos carinho e admiração!
S. P." (1)
*****
Sobre a localidade de Urros
Situada na
margem direita do Rio Douro, Urros é uma povoação muito antiga que remonta a
épocas pré-romanas. A povoação é rodeada pelo cume do Poio e Castelo, ambos de
maior importância arqueológica.
Durante a
formação de Portugal surge como uma fortificação utilizada na zona fronteiriça
com Leão, sendo palco de lutas devido às discórdias de D. Afonso II e suas
irmãs.
Em 1182,
D. Afonso Henriques concede foral a Urros. Em 7 de maio de 1370 é integrado no
concelho de Torre de Moncorvo, por carta de D. Fernando.
Esta
localidade adquiriu grande relevo económico, no séc. XIX, devido ao cultivo do
bicho-da-seda.
Património Arquitetónico
Em Urros,
destaca-se o Santuário de Santo Apolinário que remonta ao século XV. Local de
grande romagem dos povos da região e do Ribacôa, na igreja é de realçar o
túmulo de Santo Apolinário, os altares de talha barroca de estilo nacional, os
tetos revestidos com caixotões pintados e as paredes com vestígios de frescos
seiscentistas. O conjunto encontra-se classificado como imóvel de interesse
público.
É
igualmente digno de menção a capela da Senhora do Castelo, o cruzeiro, o
conjunto rural dos palheiros circulares, fonte do Cousso, fonte da Nogueira e
fonte da Ferraria.
Património Arqueológico
Na
freguesia de Urros é de realçar o castro de Nossa Senhora do Castelo, com
ocupação desde a pré-história até à Idade Média, onde ainda são visíveis panos
de muralha.
Nas
imediações é de referir o buraco dos Mouros, local de provável exploração
mineira do período Romano.
Junto ao
Santuário de Santo Apolinário encontra-se o sítio romano dos Lameirões. Além
destes locais, a freguesia é pontuada por outros locais de interesse
arqueológico.
Património Natural
Nesta
freguesia pode apreciar a magnífica paisagem que o rio Douro oferece, a partir
do Castro da Senhora do Castelo.
Deixe-se
igualmente deslumbrar pelas curiosidades geológicas (dobramentos quartzíticos)
nas imediações da aldeia de Urros.
Tradições e Artesanato
Tecelagem
(colchas e tapetes)
Festas e Romarias
Santo
Apolinário (último fim-de-semana de Agosto)
Nossa
Senhora do Castelo ou dos Prazeres (segunda-feira da Pascoela)
Gastronomia
Canelões,
almendrados, cavacas, migas de bacalhau e ovo, borrego (assado, refogado ou
ensopado), enchidos, queijos e vinho do Porto. (2)
Fontes:
(1) "Terra Portuguesa – Revista Ilustrada de Arqueologia Artística e Etnografia”
(nº 1 – Fevereiro de 1916) (texto editado e adaptado)
(2) Fonte
