Vasos de cortiça alentejanos

 

Vaso de cortiça ornamentado

É tão variada, revela-se em tão diversos utensílios, a arte popular alentejana, que, a cada nova excursão que se faça por terras transtaganas se recolhem sempre documentos inéditos, escapados a investigações anteriores, a precedentes inquéritos.

Dos vasos de cortiça que se fabricam em Lisboa, para suporte de outros vasos de barro, onde se criam as clássicas ervas caseiras, a «erva-da-fortuna», ou a avenca de folhagem miudinha e pendente, nada há que salientar.

O aproveitamento das aparas de cortiça torna esses vasos incaracterísticos e inestéticos.

No Alentejo, porém, com boa cortiça, armam uns vasos, cónicos ou em pirâmide, cujo exterior se reveste de uma constelação de ornatos muito singelos, entre os quais não raro se mistura o inevitável coração.

É deste género o vaso que represento em gravura e que provém do concelho de Montemor-o-Novo

Pendem-lhe das esquinas séries de borlas alongadas; cravejam-lhe as faces numerosos pregos de cabeça boleada e retalhada que rodeiam um coração coberto de reticulado. A sua ornamentação não sai, portanto, dos moldes usuais da arte rural alentejana

V.C.

Fonte: “Terra Portuguesa – Revista Ilustrada de Arqueologia Artística e Etnografia” (nº 11 e 12 – Novembro e Dezembro de 1916) (texto editado e adaptado)

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