Ceifeiras - fotografias artísticas de Domingos Alvão
![]() |
Conversando à hora do descanso |
Domingos Alvão,
o distinto fotógrafo portuense, que tantas vezes tem colaborado nestas páginas,
envia-nos uma coleção preciosa de alguns dos seus últimos trabalhos, de que
damos estes espécimes.
Poucos como ele
sabem colher as pessoas e as coisas sob os seus verdadeiros aspetos artísticos
e estabelecer os mais empolgantes contrastes de luz e de sombra.
![]() |
Em plena faina. |
Fonte: "Ilustração Portuguesa", II Série, nº575. 26 de Fevereiro de 1917 (texto editado)
As segadas – Atividades agrícolas em Trás-os-Montes
“As colheitas, como as segadas, na Castanheira, eram na verdade uma festa.
Todo o santo
dia se cantavam as “Cantigas da Segada”, escolhidas a dedo, pela norma do
tradicional, desde o amanhecer até à noitinha. O dia era longo, dos maiores do
ano, mas com inúmeras dimensões.
O amo da segada
ia fazendo os seus cálculos, preocupado com o decorrer das horas e o número de
terras para segar, porque não lhe agradava que o trabalho ficasse de sobra para
um segundo dia.
E a dona de
casa tinha de olhar para as divisões da sua tarefa, consideradas como jornada
longa e preocupante, porque os segadores eram respeitados como hóspedes a muito
honrar naquela festa de ano, em que é bem patente a alegria de meter a fouce na
seara, apertar carinhosamente os “mangados” de espigas e abraçá-los com
dedicado amor ao fazer os molhos e apertá-los com a delicada “granheira”.
Um ano à espera entre inúmeros e contingentes perigos, levava ao desabafo, ao desprender dos sentimentos de funda gratidão para com o Senhor Deus do céu e da terra que tudo nos dá.” Ler+