A vendedora de refrescos - tipos de Lisboa (1905)

Tipos de Lisboa - a vendedora de refrescos

«Ilustração Portuguesa", nº102 - 1905

No início do século XX, Lisboa era uma cidade em constante movimento e desenvolvimento.

Ruas de paralelepípedos ou de calçada à portuguesa, cheias pessoas apressadas que buscavam alcançar os seus objetivos diários.

No meio desse cenário agitado, havia uma figura marcante e muito apreciada pelos lisboetas: a vendedora de refrescos.

No calor escaldante do verão, quando não existiam tantas opções de refrigeração como hoje, os refrescos eram a salvação para aliviar o calor e a sede das pessoas.

 E era nesse contexto que a vendedora de refrescos, carregando cântaros e outras vasilhas com bebidas frescas, caminhava pelas ruas de Lisboa.

Com habilidade e destreza, ela tudo transportava à força de braços, chamando a atenção de todos com o seu pregão característico: "Água fresquinha! Limonada deliciosa! Venham refrescar-se”.

A sua voz, doce e melodiosa, ecoava pelas esquinas, anunciando a chegada das deliciosas bebidas bem frescas.

Os clientes, felizes por encontrar uma vendedora tão prestativa, chegavam ansiosos pelo tão esperado momento de apreciar aquela bebida fresca e revigorante.

A vendedora, com um sorriso no rosto e gestos suaves, despejava o líquido com maestria, garantindo que todos fossem satisfeitos e frescos em meio ao calor inclemente.

Além da limonada, ela também oferecia outras opções de refresco como a água com gás, o xarope de groselha e o sumo de laranja.

Era uma verdadeira especialista em refrescos, conhecendo as preferências dos seus clientes e sempre se esforçando para agradar a todos.

Mas não era apenas pelo refresco que as pessoas procuravam essa vendedora.

Ela também representava uma figura amigável e acolhedora em meio ao corre-corre da cidade.

Dedicava-se a conhecer seus clientes pelo nome, conversando, ouvindo suas histórias e até mesmo aconselhando-os sobre as agruras da vida.

A vendedora de refrescos em Lisboa no início do século XX, era uma verdadeira heroína do quotidiano.

Além de aliviar a sede e o calor, ela também proporcionava momentos de convívio e trocas afetivas.

Era uma personagem querida e lembrada por todos os que tiveram o privilégio de apreciar suas bebidas e sua generosidade.

Com o passar do tempo, novas formas de refrigeração e bebidas prontas foram-se tornando mais comuns em Lisboa, e a figura da vendedora de refrescos foi perdendo espaço.

Mas a sua memória permanece viva, representando não só uma parte da história da cidade, mas também uma lembrança de como pequenos gestos de carinho e gentileza podem trazer alento ao nosso dia a dia. (GPT) 

Sugestões:

Mensagens populares deste blogue

Lavadeiras de Portugal - mulheres extraordinárias

Danças Populares e Tradicionais Portuguesas (1)

Costumes Lisboetas - A Peixeira / Varina

Barco rabelo à sirga - no Rio Douro

A vida dos marinheiros do Rio Douro (1)

Profissões e trajes de Lisboa antiga (1938)

Profissões antigas - O Tanoeiro

Campinos do Ribatejo

Conjunto escultórico no Jardim do Mouchão - Tomar

Vila Franca do Lima, a terra dos cestos de flores e da Festa das Rosas