«Alabarcas» dos serranos do Marão

 

«Alabarcas» dos serranos do Marão

Sobre a Terra dos Panoyas [sic], tão citada nos autores clássicos das nossas antiguidades, existe um folhetinho de 32 páginas, publicado em 1836, em Coimbra, por um flaviense, intitulado «Breve Noticia da Terra de Panoyas».

O capítulo III desse folheto termina com uma curiosa referência etnográfica que vale a pena fixar.

Reza assim:

«Nota-se o excessivo luxo dos habitantes da parte meridional deste cantão; e ao mesmo passo se admira a frugalidade e simplicidade feliz dos habitantes da Montanha; o atento observador muitas vezes divisa em uma Feira peralvilhos de perna tesa e adamados, trajando ao uso das grandes cidades; e logo defronte destes admira o seu contraste, pobres lavradores da Montanha, vestidos de grosso burel, calçados de tamancas, chancas, ou alabarcas (calçado rústico de pau por baixo, e de estreitas correias, que cruzam por cima do pé), a face queimada do calor e do frio; assemelhando-se em tudo aos crestados habitantes do desabrido Castro Laboreiro [imagem acima]; mas estes gozam de saúde, robustez e longa vida; enquanto os escravos do luxo nada disto possuem».

V.C.

Fonte: "Terra Portuguesa" – nº1 - Fevereiro de 1916 (texto editado e adaptado)

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