As lavadeiras do Norte - no rio Ave
A Lavadeira
De joelhos, de bruços, na ribeira,
Cujas águas deslizam mansamente,
Lava, lava, cantando, a lavadeira,
De madrugada até ao sol poente.
Molha, ensaboa a peça... Anda ligeira!
Depois esfrega-a, molha-a novamente.
E bate, e torce e cora-a de maneira,
Que, ao cabo, fica a roupa alvinitente.
Também eu quis lavar o meu tormento
Na ribeira lustral do esquecimento,
Com lágrima choradas... Tudo em vão!
De nada me serviu chorar, Senhor!
Quando o ciúme entenebrece o amor,
Não há pranto que lave o coração!
José Forbes Costa (1)
O trabalho árduo das lavadeiras
No passado,
antes da invenção das máquinas de lavar, as lavadeiras desempenhavam um papel
crucial na sociedade. Elas eram mulheres responsáveis por lavar as roupas das famílias,
e seu trabalho era extremamente árduo e desgastante.
As lavadeiras
geralmente trabalhavam em locais como nas margens de rios ou riachos, ou
tanques comunitários, onde tinham acesso à água limpa necessária para lavar as
roupas.
Carregavam
grandes cestos de roupas sujas, que pesavam bastante, para o local de trabalho.
Era comum
usarem tábuas de madeira, conhecidas como tábua de lavar, para esfregar as
roupas contra pedras ou friccionar peças de roupa uma na outra com sabão em
barra.
Esse processo
de lavagem das roupas era bastante cansativo e demorado.
As lavadeiras
precisavam esfregar e enxaguar cada peça individualmente, garantindo que
ficassem completamente limpas.
O uso de
produtos químicos não era comum, sendo o sabão em barra a principal substância
utilizada para a limpeza das roupas.
“Quando faltava
o sabão ou para retirar as nódoas mais difíceis, a lavadeira fazia a chamada
barrela, ou seja, uma mistura de cinza, água fervida e plantas aromáticas,
(nomeadamente louro, erva cidreira ou laranjeira), que era colocada num enorme
alguidar de barro, para demolhar a roupa, antes de a colocar a “corar”.”
Era um trabalho
constante, pois as famílias precisavam de roupas limpas regularmente. Muitas
vezes, as lavadeiras tinham várias famílias como clientes e precisavam se
deslocar de uma casa para outra para realizar seu trabalho.
Apesar de todo
esse esforço, as lavadeiras antigamente não eram valorizadas como deveriam. Seu
trabalho era considerado de baixo status social e muitas vezes mal
remunerado.
Muitas dessas
mulheres trabalhavam como empregadas domésticas nas casas onde lavavam as
roupas, o que resultava em jornadas de trabalho exaustivas.
Para terminar,
não nos podemos esquecer do importante papel desempenhado pelas lavadeiras no
passado.
Elas garantiam
que as roupas das famílias ficassem limpas e cheirosas, mesmo que isso
significasse sacrificar seu próprio conforto e bem-estar.
O seu trabalho
árduo e dedicação merecem ser reconhecidos e lembrados como parte importante da
história da lavagem de roupas.
(1) Soneto classificado no concurso do "Ilustração Portuguesa" - 1913