Lavradeira de Afife – Viana do Castelo – Alto Minho

 


Uma Lavradeira de Afife

(cliché do Sr. J. Azevedo)

Ilustração Portuguesa, nº 191 – 18 de Outubro de 1909

Afife é uma antiga freguesia localizada à beira mar, a cerca de dez quilómetros a norte da sede de concelho, Viana do Castelo (Minho).

Confronta

- a Norte,  com a freguesia de Âncora, no concelho de Caminha e Freixieiro de Soutelo, no concelho de Viana do Castelo;

- a Sul, com a freguesia de Carreço e com uma pequena área da freguesia da Areosa;

- a Nascente, com a freguesia de Outeiro;

- a Poente, com o Oceano Atlântico.

Topónimo  

É possível que o topónimo Afife se trate de um genitivo antroponímico árabe, “Afif”, que inicialmente era utilizado como adjectivo para designar algo ou alguém “virtuoso”; mais tarde porém, aparecia num documento de 1108, com a designação “Afifi”, sugerindo a existência de uma “Villa Afifi”, que adquiriu o nome do seu senhor.

Ao longo dos séculos, o topónimo foi apresentando diferentes grafias: Fifi, Affifi, Afifi, Afife.

Há ainda uma justificação considerada popular…

Segundo o arqueólogo José Bouça, a origem do topónimo é romana, de “Aff-hifas”, significando “sopa de cabelos”. 

Esta definição remonta à época em que a legião de Júlio César invadiu as terras lusas, massacrando as populações e violentando donzelas e damas lusitanas. 


Sugestões:


Estas, para fugir a tal horror, torturaram-se a elas próprias, desfigurando os rostos e cortando os cabelos, cujas madeixas esconderam na corrente de uma fonte, para que não fossem manchadas pelos “lábios impuros do inimigo”; os soldados, para matar a sede, dirigiram-se à fonte e refrescaram os seus lábios com os cabelos molhados das donzelas, resultando daí a expressão: “sopa de cabelos”.

Há ainda a considerar, que se pode encontrar a localidade de “Afif”, que se situa entre Meca e Medina na Arábia Saudita e outra no Gana, com o nome de “Afife”.


“Ai! esta palavra – Afife – ! –

(volto, ao murmurá-la, atrás-)

Lento moinho de vento

Feito de espaço e de tempo…

Quanta saudadas me faz!

Oh! casa das mil janelas,

Minhas noites estreladas!

Berço de longas estradas…

Poeta, fiei-me nelas.

Oh! abismos da lonjura,

Reflexos de pedraria!

Porque parti à procura

Daquilo que não havia?

Era aqui, aqui somente

Que eu devia ter ficado,

Afife de toda a gente

Que baila e canta a meu lado!”

Pedro Homem de Melo

Fonte: JF de Afife (texto editado e adaptado)

Sugestões:

Mensagens populares deste blogue

Lavadeiras de Portugal - mulheres extraordinárias

Barco rabelo à sirga - no Rio Douro

Profissões e trajes de Lisboa antiga (1938)

Camponesa de Perre - Viana do Castelo (1913)

A Capucha da Serra do Caramulo

Varinas, vendedeiras de peixe | Tipos portugueses

Uma linda minhota em 1915

Cenas do Minho - Um carro de bois

Trajo de Pastor da Serra da Estrela - 1911

Carro de bois ornado com belas cangas