Varina de Lisboa - Trajo antigo (1898)

As varinas de Lisboa

As varinas eram mulheres que trabalhavam essencialmente como vendedoras ambulantes de peixe nos bairros ribeirinhos de Lisboa.

Tiveram origem na comunidade ovarina (de Ovar!) que se estabeleceu em Lisboa.

Eram conhecidas por sua forma peculiar de vestir, com saias coloridas de várias camadas, aventais bordados, lenços na cabeça e grandes cestas nas costas., e particularmente pelos seus pregões!

Além de venderem peixe fresco, as varinas também cantavam e dançavam enquanto percorriam as ruas para atrair os clientes.

Elas desempenhavam um papel importante na cultura popular de Lisboa, sendo frequentemente retratadas em canções, pinturas e literatura.

No entanto, com o desenvolvimento da indústria pesqueira e a modernização do comércio, a presença das varinas começou a diminuir, até praticamente desaparecer no século XX. 


Lisboa - A Varina, trajo antigo, aguarela de Roque Gameiro

"Branco e Negro", nº92-96 - 1898


Ó varina, passa ...

Ó varina, passa,
Passa tu primeiro -
Que és a flor da raça,
A mais séria graça
Do país inteiro.

O teu vulto seja
Sonora fanfarra,
Zimbório de igreja;
Que logo te veja
Quem entra na barra.

Lisboa, esquecida
Que é porto-de-mar,
Sente a sua vida
Reconstituída
Pelo teu andar.

Dá-lhe a tua graça
Clássica e sadia.
Ó varina, passa!
Na noite da raça
Teu pregão faz dia.

Vê que toda a gente
Ao ver-te, sorri;
Não sabe o que sente,
Mas fica contente
De olhar para ti.

E sobre o que pensa
Quem te vê passar,
Eterna, suspensa,
Acena a imensa
Presença do mar.

Carlos Queiroz

(“Panorama”, nº28 – 1946)

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